23 de julho de 2009

intervalo solidário


"... tempo

de parar, abrir, olhar e ver...

... ...




...um tempo de parar e contar pedras

decantar sons, deixar as flores beber

as amoras amadurar, as águias adormecer no ar,

deixar o vento e o sol ] talvez a chuva, entrar..."





18 de junho de 2009

Para "lá" de mim






















SE
ao menos
puder
imaginar

e
encontrar-me

e
encontrar-te

e, talvez...

(quem sabe?)

...SER


se ao menos puder imaginar,

tudo poderá, talvez, ser...

outra vez!

talvez: imaginar

posso?







sim, sim, sim!


eu posso SER?


fotos >GUI



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9 de junho de 2009

in memoriam


hoje

o céu até pode mostrar todo o seu esplendor...

por entre as aves, vivo que nem elas,

abarcas o mundo todo

tornando-nos do tamanho do infinito!

ao partir, levaste contigo um pedaço de cada um de nós

(esse-pedaço-feito-amor-sem-fim-agora-sempre-vida)

que, afinal, ganhámos:

essa riqueza que nenhuma eternidade apaga
memória inacabada
inabalada
pai sempre, até sempre, até já!

... HOJE,

o firmamento SÓ pode mostrar esplendor:

também reflecte a tua luz, mais uma entre as estrelas,

será a mais pequenina, talvez, que nunca precisaste de te fazer grande...



MAS A MAIOR!

HOJE, LÁ E AQUI, MEMÓRIA VIDA!

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1 de junho de 2009

da (in)significância

dias que se sucedem
espaços vazios
saudade

e tu, aí, o que fazes?

esperas juntar as pontas, deve ser...
e o universo torna-se-te
pe que no

(como se fosse possível)




... a

mão

a minha! ... ou tua? »»»

afinal, que importa? são dias que não temos, nem te temos, nem te demos... perdemos!?


perdemos sempre, mesmo se ganhamos?... «««

13 de março de 2009

primavera, ainda


Era um recanto de jardim florido, como se espera, em manhã de primavera! A sinfonia de cores anunciava momentos felizes, encantos de perene jovialidade, gritos de renovada esperança e coragem - ali não havia espaço para tristezas: era um novo dia e cada flor, mais e mais viva, pujante no gozo da luz renascida, era um convite à alegria!

Chegava-se de mansinho e, mergulhando naquela quietude, desafio de promessas por cumprir, ficava-se com desejos de eternidade,

(e como isso de eternidade, por vezes, incomoda!...)

capazes de tudo e do nada, do melhor e do pior, mesmo do sem sentido - consentido, contrariado até mais não poder ser - a doer se parados, a magoar quando agitados, inquietos na curiosidade do devir, esse que sempre e só foi e será na possibilidade de ser, já incapazes de querer mais do que o "quero", calados, quietos, repletos!

será isso que esperam de nós as flores numa manhã de primavera?
será para isto que se perturba o silêncio de um recanto de jardim numa manhã de primavera?
será possível ter-se algo a ver com as flores no recanto do jardim?

Cada gesto, cada grito, cada silêncio, tudo ecoa nessa nesga de eternidade - ou será finitude? - que arrebata, que toca e foge, qual arrepio no âmago do instável, frágil, pequenino! Se ainda é possível sentir algo, talvez só isso, mais nada além ou aqui, mais o quê, ou quem, ou até como, só isso, esse arrepio a fustigar, a desafiar a inércia, a clamar por solidariedade:

ninguém pode ficar nesse recanto assim, sem mais!
ninguém pode ficar impune se incerto!
ninguém!

Quase sem se dar conta, a manhã passou, a tarde escondeu-se com a luz por detrás do horizonte e a noite veio devolver o silêncio perdido ao recanto assustado do jardim. Já não haveria mais espaço para a inquietação nessa experiência de plenitude!

já não haverá mais amanhãs de silêncio nas "primaveras" de cada vida?
já não se voltará a escrever sobre as flores nos recantos de jardins?
já se deixará florir os jardins em cada manhã de primavera?
já ninguém se vai incomodar com os desafios nas manhãs que florescem?

A sinfonia de cores anunciava momentos felizes, encantos de perene jovialidade, gritos de renovada esperança e coragem... ainda é manhã de primavera!

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