21 de junho de 2011

Saudade



De que me serve esta vida
Longe de ti, meu amor,
Se alegrar-me gera a dor,
Se sorrir me faz ferida?

De que me serve, num grito,
Chamar por ti, com ardor,
Se não tenho o teu calor,
Se não vens valer-me, aflito?

De que me serve a saudade
E as chagas de seus espinhos:
A tristeza, a solidão?

Como sentir felicidade
Se não tenho teus carinhos
E é longe o teu coração?

Foto: “Esticão”, de Gui Oliveira (http://olhares.sapo.pt/esticao-foto1955774.html)

Amigos
Vou estar ausente por alguns dias, perdoem não vos visitar com assiduidade.
Deixo-vos com um dos primeiros sonetos que escrevi, em 1974.
Até Julho!

10 de junho de 2011

mensagem do pai



Mensagem do pai

Vi pousar uma andorinha
Manhã cedo na janela
Para saber ao que vinha
Logo quis falar com ela.

Presa nas asas, com linha,
Segurava linda vela
Brilhante, da luz que tinha
Acesa, como uma estrela!

Não falava, a pobrezinha
Mas, de uma forma tão bela,
Saltitando, sorte a minha,
Deixou mensagem singela:

Teu pai querido, até vinha
Beijar-te a face e aquecê-la,
Agora ou logo à tardinha,
Tão fria, aqui, à janela.

Mandou-te, enfim, a andorinha,
Estas letras e esta vela
P'ra, de manhã à noitinha,
De amor, acesa mantê-la!

Joaquim do Carmo