27 de fevereiro de 2012

Voltaste



Sempre te via, como em sonhos, perto,
Meu pensamento anulava o distante:
Era teu rosto, belo, estou bem certo
Mas, não sorria, nem mesmo um instante!

Tudo era triste, meu viver incerto:
Ave sem poiso, coração errante,
Eu e saudade, juntos, um deserto
- Só a esperança vivia, constante!

Mas, eis voltaste, meu peito vibrante
Em si não cabe, voa, ao longe, aberto:
Encontrou a luz, qual Sol, do Levante!

Mulher formosa, por mais que te cante,
O meu poema diz pouco, decerto:
Teu sorriso é vida, estrela brilhante!

Joaquim do Carmo
in "Amanhecer pelo fim da tarde"

19 de fevereiro de 2012

Amor ausente



Quando a distância afasta os corações
E, de um sorriso, só resta a saudade,
Tão leve é o brilho da felicidade
Que, de alegria, só dá ilusões!

Nem o trinar de suaves canções
De aves, louvando sua liberdade,
Vence a tristeza que minh’alma invade,
Nem verdes árvores nem, do sol, clarões!

Tudo, na ausência, é solidão agreste,
Cair da folha, vento, tempestade,
Noite sem estrelas, rouca voz distante!

Oh doce amor que, à vida, me prendeste:
Vem, dá alento à chama que, em mim, arde!
Vem, sê aurora em meu peito vibrante!

Joaquim do Carmo
in "Amanhecer pelo fim da tarde"

Foto “When the dark overcomes the light”, da Joana

11 de fevereiro de 2012

Ainda é tempo...


Boa tarde!?
Ainda a vida tenta impôr-se no incerto do novo dia, já me parece que tudo passou, ainda por cima bem ao lado de mim, sem o esboço de um gesto, sequer, num corropio constante de minutos, numa avalanche de dúvidas sobre cada sim, ou não, ou talvez… enfim, na indecisão sobre o instante que não pode ficar só por aí!
Parece complicado, talvez até seja, só que num país em que cada amanhã pode vir a desmentir todos os “hoje e agora”, cada ontem corre o risco de nunca ter existido, cada sim pode, afinal, ter pretendido expressar um rotundo não, para onde devemos olhar? Será que apenas nos resta ver com os olhos dos iluminados pela paisagem dita democrática, aí já negação de si mesma, aí já delapidada da sua razão de ser? Ou… será preciso, cada vez mais, dizer efectivamente não às mentiras-pretensas-verdades, às afirmações de apenas intenções, aos projectos apenas fachada?
Eu quero pensar que ainda é possível gritar a verdade, ou o que dela podemos alcançar, a espaços que seja, para afirmar o direito a ser cidadão do meu país, aqui e agora!

5 de fevereiro de 2012

Ai, flores!



De seda vestidas,
Suaves encantos,
De amantes,
Feiticeiras!

Ai, pétalas…

As cores
Os cheiros
O toque…

Ai, beleza! Ai, vida!

Inebriantes,
Terna melodia
De amor, doce paixão…

Ai… flores, voltem… ao poema!

Joaquim do Carmo
in "Amanhecer pelo fim da tarde"

Foto “Darker view”, da Ju