24 de fevereiro de 2018

Invento-te nas manhãs claras...



"Invento-te nas manhãs claras dormindo ainda em sonhos liquefeitos.

Arredondo os braços
que procuram as noites
inventadas à procura de outro tempo.
O manto da minha aurora
cobre os segredos proibidos de uma casa que não é tua.
O meu peito é agora um planalto
onde as nascentes secaram
matando de sede todas as flores por nascer.
Não nasceram flores, nasceram cactos,
continentes de água,
que guardam as flores esquecidas entre dunas.
E invento-te nos lábios das ondas
que pronunciam o teu nome
no sibilar sussurrante
da espuma .
Inventar-te-ei ainda
quando o nevoeiro te esconder
nos lençóis da noite ou
no regaço da bruma .
Serei os olhos das estrelas,
caindo na tua face
uma a uma."

Manuela Barroso, " Eu Poético III "

Foto: "Forbidden paradise", Mira Nedyalkova

2 comentários:

manuela barroso disse...

Voltando à casa onde conheci a sua bela poética , sensibilizou- me o seu gesto de carinho e gentileza , querido amigo Quicas !

O bom filho à casa torna e foram tempos onde a amizade se consolidou
O meu abraço Caríssimo amigo !😘

Joaquim do Carmo disse...

Bem vinda, querida amiga Manuela Barroso!
Abraço grato pela visita!