São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
O poeta Eugénio de Andrade morreu a 13 de Junho de 2005, no Porto, aos 82 anos, vítima de doença prolongada.
O poeta morreu às 03h30, em sua casa, no Porto. Eugénio de Andrade, pseudónimo de José Fontinhas, nasceu a 19 de Janeiro de 1923 na Póvoa de Atalaia, Fundão, região da Beira Baixa, fixando-se em Lisboa em 1932 com a mãe.
Viveu no Porto desde 1950, onde criou a fundação com o seu nome.
A sua obra poética e em prosa foi já inúmeras vezes premiada e está traduzida para alemão, asturiano, castelhano, catalão, chinês, francês, italiano, inglês, jugoslavo e russo.
Fotos: Imagens Google
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