26 de dezembro de 2013

O Menino vem!

O Menino vem... sempre, ano após ano, dia após dia, apesar de tantas vezes, demasiadas vezes, vivermos afastando-nos d'Ele, negando-O repetidamente!
Mas vem e, porque é cheio de misericórdia, continuará a vir, para todos e, especialmente, para todos os de boa vontade!
Sejamos desses para, em verdade, podermos celebrar o Natal em paz, com alegria, tornando-nos, como Ele, pequeninos!


FESTAS FELIZES para todos e o meu sincero agradecimento aos amigos que aqui voltaram já, neste recomeço, deixando seus comentários e votos de boas festas!

21 de dezembro de 2013

Sobressalto


(...) Passeavas-te, desapercebida, num rumo feito de imprevistos e surpresas, umas agradáveis, outras difíceis e indesejáveis. Enfunavas teus vestidos ao vento, soltos e atrevidos, quais velas enfrentando o desconhecido, em viagem sem começo e sem fim programado, ao sabor da corrente. Não davas pelo tempo, eras toda movimento e no baloiço das ondas desafiavas o destino, sem medo nem ansiedades controladas! No horizonte desdobravam-se reflexos coloridos, desafiantes, atraentes, convidativos…

De repente, como se batida por inusitada ventania, despertaste para a tua solidão, navegando uma dúvida impertinente e dolorosa: fora sonho ou pesadelo? (...)
© Joaquim do Carmo in "Nas Entrelinhas do Tempo" (excerto de texto - a publicar)
© Foto: "Ragging Waters" de Joana do Carmo

7 de dezembro de 2013

O Grão de Areia

era uma vez
um ínfimo grão de areia

um daqueles triliões e triliões que, por ali,
na fronteira entre terra e mar, se unem
qual tapete dourado,
jogando às escondidas
com o sol,
a espuma das águas salgadas,
os recantos mais íntimos
de enlaçados, descuidados amantes,
os castelos que inocentes mãos deixam ao tempo,
espelho vivo de contos,
histórias de sereias e fadas
jamais sonhados...

um daqueles que, qual exército
alinhado com o pó, em dura argamassa,
enforma casas, estradas ou templos
das belas cidades, criações do homem inquieto...

um daqueles que, cavados
na costa pelas ondas, ora suaves,
ora turbulentas,
se deixam embalar no seu vaivém constante,
indecisos
entre terra e mar...

um desses triliões e triliões
prendeu-se de amores pelo vento
e, embriagado com a sua leveza,
deixou-se levar, ar adentro,
numa infinda viagem, quiçá a mais bela,
mais longa e misteriosa,
buscando a liberdade!...

Joaquim do Carmo
in "Amanhecer pelo fim da tarde",
Lua de Marfim Editora, Abril de 2013





7 de agosto de 2013

Retrato


Pensamentos se cruzam:
- encontro?!

Silêncios,
ausência presente,
convergência…

um ponto
rubro,
vivo,

no peito!…

Sim!

Joaquim do Carmo, 02/08/2013 (a publicar)
© (direitos reservados)
Foto Fabien Queloz Photography

27 de julho de 2013

Irmão, quem?




Na noite escura,
quanto sofrimento e dor
se esconde que, a Lua, débil,
envolta na nuvem
espessa,
veloz, do vento
forte, assobiando,
a luz não dá
à terra… silenciosa.

Mas, no silêncio, até,

na treva também,
do sofrimento, a voz,
a fúria dos ventos não cala:
e eu oiço!

Está na curva da estrada,

no meio do monte,
além, talvez: é longe, mas é!

É um rosto

cujos olhos choram!…
É um braço
cuja mão estende!…
É um Irmão
que amor a ti pede!

Mas como?!

Eu… dar amor a esse
também,
desconhecido,
de mim nunca visto
mais doente e pobre?!…

Pois, sim: a esse

e, ainda, àquele,
ao outro, igualmente!

Pensa bem: eles são

(não vês tu, porém?!)
Jesus, Jesus Cristo,
a quem dizes:
AMO!…

Joaquim do Carmo (a publicar)

© (direitos reservados)
Foto “http://www.esquerda.net/artigo/portugal-é-o-nono-país-mais-pobre-da-ue”

25 de junho de 2013

Um “mar” de lembranças



Crónicas de verão

- Um “mar” de lembranças


Impávida e serena, a praia resistia na contemplação do horizonte sempre se renovando! Cada manhã, ansiosa da luz prometida de véspera, deixava-se embalar nas ondas refrescantes, retemperadoras após o calor do estio, horas e horas escaldando as areias até às dunas, berço de chorões pacientes, persistentes.

Ali bem perto, escassos, escondidos entre prédios frequentes, alguns jardins tentavam enganar a canícula e, entre tapetes de relva bem tratada, abrigavam frágeis flores que, já longe a Primavera, decoravam a paisagem e perfumavam o ar do Verão abrasador.
A marginal parecia adormecida, saboreando ainda, na ressaca de mais uma refrega com veraneantes sôfregos de sol e água salgada, a calma deixada pelo último pôr-do-sol, tons laranja se reflectindo até onde a vista alcançava, promessa de mais um dia de calor!
No passadiço – moderna investida na imensidão do areal – onde serenos caminhantes haviam desfilado sob a brisa refrescante, procurando retemperar forças para o dia seguinte, indecisos entre a saudável caminhada e a tentação das especialidades da zona, ali bem ao lado, só a azáfama dos preparativos para mais um dia de movimento perturbava o sossego matinal!
No olhar, vago, como se disperso ao sabor da aragem do vento norte madrugador, a recordação de outros verões, manhãs outrora sorridentes, outros dias repletos de vida, de autêntico calor e total felicidade, desde a aurora ao ocaso, prelúdio de noites de sonho e magia.
O silêncio de alguns destes espaços ainda com a vida entre parêntesis, avivando memórias de outras férias, trazia alguma paz aos dias ainda por vir! Silêncio… esse companheiro inseparável de momentos de criatividade, de viagens mágicas aos mais recônditos espaços do universo, de paragens que fazem renovar o tempo do “eu”, alongar os segundos do hoje ou soar os ecos de amanhãs talvez já vividos e fonte inesgotável de energia e vivacidade, porque íntimo da relação entre esse outro “eu” e o “eu” ali presente:
“ – Vem, meu amor, dá-me a tua mão e deixa que te guie até à calma duma noite de Verão, as ondas cantando ao fundo, à descoberta de recantos de sonho e paz, contando com a lua por testemunha…” – ouvia então, como se em filme, desse momento que, já tão distante, parecia tão presente, ainda e sempre actual, porque para sempre retido nos braços da saudade!
Afinal, a mão suave da lembrança revivida já há muito perdera seu calor, por demasiadas noites a lua deixara de ter algo tão belo a testemunhar e até as ondas, antes cantando melodias ternas e queridas dos amantes, seguiam chorosas, em lamentos repetidos, protestando o amor ausente…
O farol, esse, lá permanecia, intrépida e teimosamente, piscando o olho às gaivotas, dum lado a marina, pequenos veleiros em descanso de guerreiro disfarçado, do outro a aventura, o desafio, a labuta diária pela sardinha muito fresca, brilhante e requisitada, a resguardar-se, soberana, para o anunciado festival de verão, de mais um verão que não seria como qualquer outro: como as paixões, também os verões jamais se repetem!…

Joaquim do Carmo (a publicar)

4 de maio de 2013

Cartas de amor




Eis o meu livro, para quem ainda não conhece! Tem o preço de capa de €10,00 (dez euros, apenas!)
Se pretender adquiri-lo, tem várias possibilidades:
1 - Contacte-me por email (carmo.joaquim@gmail.com), para combinarmos os detalhes da transacção.
2 - Contacte a Lua de Marfim Editora através do respectivo email: luademarfimeditora@gmail.com
3 - No blogue da Lua de Marfim Editora consulte as livrarias, pelo país, onde são vendidos os livros com a respectiva chancela:
http://luademarfimeditora.blogspot.pt/p/catalogo.html
4 - Consulte a WOOK, através deste link:http://www.wook.pt/ficha/amanhecer-pelo-fim-da-tarde/a/id/14884588
5- Consulte o site Bertrand livreiros através deste link: http://www.bertrand.pt/ficha/amanhecer-pelo-fim-da-tarde?id=14884588

Obrigado!

25 de abril de 2013

25 DE ABRIL, SEMPRE!


25 DE ABRIL, SEMPRE!
Do meu livro "Amanhecer pelo fim da tarde", um poema de esperança, apesar de tudo!

DIA DE PORTUGAL

outros mares
navegados já,
porventura, conhecidos
mas, a descobrir:
porque outros,
porque estranhos,
porque de outros, não nossos!

outros tempos,
hoje ou amanhã,
decerto incertos
mas, a viver:
porque novos,
porque desafios,
porque nossos, se quisermos!

outros homens,
outros sonhos,
outras lutas:

o mesmo Portugal, o de sempre! 


31 de março de 2013

“Amanhecer pelo fim da tarde”


Lançamento do meu livro “Amanhecer pelo fim da tarde”, dia 13 de Abril de 2013, em Lisboa.

Ainda em Abril, em data e local a anunciar, espero fazer uma apresentação em Braga. Mais adiante, Porto ou Gaia!





22 de março de 2013

Ecos



De mim inseparável
Em momentos de verdade,
De paragens que renovam o tempo do “eu”,
Em mágicas viagens
A recônditos espaços do universo,
Que alongam os segundos do hoje
Ou se propagam,
Quais ecos de amanhãs talvez já vividos,
Fonte inesgotável de energia e vivacidade,
Íntimo da relação entre mim e eu-mesmo,
Tão íntima quanto aberta ao outro,
Na partilha de emoções…

Tu, silêncio, falas de mim, por mim, connosco,
Em cada poema-feito-grito-tempo-vida!

Como dizes meu sentir…
Onde calas meus segredos…
Quando cantas meus lamentos…

A ti, poesia…
… pressinto a soletrar meus silêncios!

Joaquim do Carmo (a publicar)
© (direitos reservados)
Foto “Macro Jeans”, de Joana Do Carmo

17 de março de 2013

(intervalos)



Pasmado é o tempo, inquieto
Do renascer constante, sedento
Das águas perenes, correntes
Nos rios inteiros, de intensos
Gritos de vida, sadia
Mensagem de esperança
Sempre, sempre renovada…

De novo, agora, antes que amanhã
Seja hoje deixado, perdido
Entre margens quaisquer,
Terras e gentes vencidas,
Desertos pungentes na fingida
Ânsia do presente distante…
Parado está o tempo, pasmado!

Parado, me fecho no tempo,
Pasmado, sem vento, sem dia,
Sem noite ou luar, nem o sol,
Nem jardim de flores a brotar
Teimando de vida, nem campo, nem mar…
Parado, tempo, jamais me encanto,
E cantando, de amor, me invento!

Joaquim do Carmo (a publicar)
© (direitos reservados)
Foto: reprodução de quadro de Vincent Van Gogh

11 de fevereiro de 2013

Feliz é o dia



Feliz é o dia
Que amanhece de bem com as estrelas!

Vem de braço dado com a lua,
Madrugada fora,
Dar boas vindas à estrela maior!
Traz na bagagem sonhos,
Anseios, projectos,
Quiçá vidas se gerando!

Promete sorrisos infindos
E, receando cuidados, canseiras ou dores
Avança, corajoso, o passo decidido!
Beija cada instante, apaixonado,
Da vida respirando-se, encantando-se…

Feliz é o dia
Que quase no fim, quase recomeço,
De volta ao reino dos sonhos
Cansado, anoitece mas…
… sempre amanhecendo!

Feliz é o dia, inteiro!…

Joaquim do Carmo (a publicar)

Foto “Blue Stars”, de Joana Carmo

13 de janeiro de 2013

Amores perfeitos - uma história quase de gente



Era uma vez um jardim, uma flor e um jardineiro. Um jardim com muitas flores, o ano todo, todas as estações do ano, cada ano. Uma flor, um amor-perfeito, uma entre tantas mas, afinal, única!

Emanuel era um jardineiro cuidadoso que, apesar dos seus naturais limites, não poupava no carinho com que tratava todas as maravilhas do seu jardim. Esmerava-se nas suas canseiras, fizesse sol ou chuva, calor ou frio, para que nada faltasse às suas crias como, ternamente, lhes chamava. Todas as manhãs, ao cantar do galo, era vê-lo apressado para chegar antes dos primeiros raios de sol e, brilhantes ainda das gotas do orvalho, poder deleitar-se com a beleza das pétalas coloridas, entre a verdura refrescante dos canteiros.

Tudo fluiria sem outro sobressalto para além dos humores da natureza, não fora o jardineiro ter elegido, entre todas aquelas flores igualmente belas, um amor-perfeito que se encolhia, tímido, a cada um de seus especiais carinhos, de seus olhares apaixonados – era de paixão que se tratava! Que tinha feito essa linda flor para merecer esta atenção única do zeloso jardineiro? Aos olhos de Emanuel, dedicado como era a todas as flores de todos os canteiros do seu jardim, esse amor-perfeito aparecia como, único, “perfeito”, fazendo jus ao seu próprio nome.

Nenhuma das flores tinha razão de queixa de Emanuel, apesar dessa especial dedicação por aquele amor-perfeito: nunca lhes faltava com qualquer cuidado, nunca lhes regateava ternura e carinho, jamais puderam sentir-se prejudicadas – ele dava-lhes tudo o que devia embora, ao amor-perfeito, desse muito mais que isso! E não tardou que a inveja começasse a turvar o ambiente no jardim, entre as outras flores, despeitadas e invejosas dessa relação privilegiada.

Bem protestaram com Emanuel a sua atitude, bem tentaram desiludi-lo quanto ao carácter dessa flor tão vulgar, como lhe diziam insistentemente, afinal, apenas uma pequena e vaidosa flor lá do jardim. Vaidosa, sim, afirmavam a uma voz, era no que se tinha tornado a eleita do coração de Emanuel: até lhes fazia pena!

Sem êxito naquelas diligências, mudaram de estratégia. Insinuando-se como as maiores amigas da incauta flor, passaram a tentar desiludi-la quanto aos sentimentos do jardineiro insistindo, ao mesmo tempo, para que olhasse em volta, se libertasse dessa prisão em que se deixara enredar e, então, visse bem que outros jardineiros a cobiçavam, quiçá bem mais diligentes e cuidadosos que Emanuel, afirmavam.

Os humores da natureza, em sua imprevisibilidade, fizeram o resto. No meio de dificuldades inesperadas, qualquer sentimento pode fraquejar, quaisquer promessas podem esfumar-se no ar, qualquer mentira, de muito apregoada, pode aparecer como verdade inquestionável. E um dia, que até poderia ter sido igual a tantos outros, o amor-perfeito cedeu, deixando que outro jardineiro, quase desconhecido, a levasse à aventura, deixando Emanuel inconsolável e desiludido: nunca pensara que as outras flores pudessem, algum dia, ter razão nos seus persistentes e tão incómodos avisos.

Nunca mais o jardim teve a mesma frescura e exuberância. Nem quando, breves dias depois, a flor que partira, tão feliz, regressou sozinha e ferida. Vinha amarfanhada, esmagada pelo peso da desilusão dessa aventura, humilhada até, agora, pelas pretensamente tão amigas de apenas alguns dias antes.

Emanuel tinha sofrido, ele também, enorme desilusão. Mesmo assim, redobrando seus cuidados, tentou restituir à flor a frescura e exuberância perdidas e devolver-lhe a alegria que, entre tantas Primaveras, espalhara no jardim com as suas coloridas pétalas, agora murchas e sem brilho. Com grande carinho e dedicação, de novo juntos, haviam de sarar as feridas abertas, bem no fundo de cada um. Só então, por muitas mais Primaveras, o amor voltaria a florir no jardim!

Amor-perfeito, porém, apenas seu nome: da linda história de outros tempos, o jardim guardaria, para sempre, uma profunda saudade!

Joaquim do Carmo (a publicar)

(Imagem da net)