13 de junho de 2018

SALVE SETENTA!



 'SALVE, SETENTA!'

... é tempo de aproveitar o tempo,
jamais perdido se nos encontramos connosco mesmos...

dia-a-dia,

ano após ano!

Foto de 'Quotes and notes'

5 de junho de 2018

Pedra e água... assim!


Saltitam reflexos
de alma líquida, brilhante,
um azul esverdeado de esperança

ondulando ao vento suave
mas... persistente, teimoso
sobre a dureza desafiante das pedras...

'Assim' os dias, o dia-a-dia,
com o mar ao fundo nos convidando
... a navegar!"


Joaquim do Carmo (a publicar)
Foto da Joana do Carmo (maravilhosas, a filha e a foto)

24 de abril de 2018

"A Hora da Poesia" com o "Amanhecer pelo fim da tarde"



Cinco anos após o seu lançamento, eis que o meu "Amanhecer pelo fim da tarde" ganha nova vida, agora através da amiga Conceição Lima, no programa "A Hora da Poesia", da Rádio Vizela!
Aqui deixo a ligação ao dispor d@s amig@s que não temham podido seguir a emissão e/ou pretendam ouvir mais atentamente:

https://www.mixcloud.com/Radiovizela/hora-da-poesia-11-04-2018-joaquim-do-carmo/



Abraços.
Joaquim do Carmo

14 de março de 2018

SORRISOS



Sorrisos


Sentei meus olhos no crepúsculo,
esse cantinho onde se escondem os dias...
cansados!

Vi entre as nuvens reflexos do dia:
imagens, sons, gestos...
gravados!

Esses raios de sol alaranjados,
promessa de amanhã renascido,
adormeceram!

Restavam os sorrisos do dia,
persistentes, corajosos, para embalar...
os sonhos!

Joaquim do Carmo (a publicar)

(imagem de "O Tempo das Palavras")

1 de março de 2018

UM AMOR COMO O NOSSO


Era de sonho a visão de seus cabelos, soltos ao vento, deslizando suavemente pela praia, o mar brilhando nos seus olhos, ao som dos alegres e estridentes gritos das gaivotas em voos rasantes, anunciando o fim da tarde!
Era doce o olhar que lhe lançava quando, embevecido, parava no tempo e pedia que esse presente se eternizasse e, pleno de felicidade, ganhasse o amanhã de cada dia de suas vidas!
Era terna melodia o som da sua voz quando, às suas juras de amor, respondia, com matreiro e deleitado sorriso, “meu doce mentiroso”!
Era de luz o rasto que deixava, caminhando ao luar, nas quentes noites de Agosto!
Era um hino ao amor cada momento de ternura e carinho, cada beijo, cada encontro, ansiado como se fosse o último, vivido sempre intensamente como se o primeiro!
Qual conto de fadas, história de encantar a que ninguém augurava longa vida, talvez só pelo sentimento de inveja que despertavam, sempre bem juntinhos, mãos dadas desafiando o futuro, o incerto, toda e qualquer contrariedade, felizes, sorriam a cada amanhecer com a alegria de mais um dia para crescer no amor, unidos no propósito de construir o sonhado ninho, secreto aconchego para os filhos que se prometiam e coloriam de fantasia os longos passeios pela cidade, imaginando como vesti-los, calçá-los, mimá-los, príncipes encantados desse reino em construção!
Uma casa solarenga? Um castelo? Um palácio? Talvez! O que fosse… não importava: era a certeza de que, passo a passo, pedra sobre pedra içada, a pulso, do empedrado de cada dia, conquista atrás de conquista, com dificuldades, muitas também, fraquezas tornadas força para a luta seguinte, o caminho apenas se faria caminhando!
Encanto partilhado, uma festa permanente, uma celebração constante do amor enfim, o sonho ia ganhando vida a cada dia e, naquele dia, aquele fim de tarde, já de sonho o tempo todo, veria consumar-se a entrega total, há muito prometida, há tanto desejada!
Como tudo o que começa, nova descoberta a cada carícia, foi suave o toque e delicado, pétala a pétala da bela flor se abrindo, a um tempo generosa e ávida, até deixar de se perceber o começo ou fim dos seus corpos enlaçados, tão unidos e esquecidos de cada qual que, naquele momento então eternizado, se sentiram verdadeiramente um só no amor!
Um momento, apenas, do que se tornaria entrega de uma vida… inteira!

Joaquim do Carmo

Imagem: Pintura de Nadir Afonso

28 de fevereiro de 2018

PERGUNTA-ME


"Pergunta-me 
se ainda és o meu fogo 
se acendes ainda 
o minuto de cinza 
se despertas 
a ave magoada 
que se queda 
na árvore do meu sangue

Pergunta-me 
se o vento não traz nada 
se o vento tudo arrasta 
se na quietude do lago 
repousaram a fúria 
e o tropel de mil cavalos

Pergunta-me 
se te voltei a encontrar 
de todas as vezes que me detive 
junto das pontes enevoadas 
e se eras tu 
quem eu via 
na infinita dispersão do meu ser 
se eras tu 
que reunias pedaços do meu poema 
reconstruindo 
a folha rasgada 
na minha mão descrente

Qualquer coisa 
pergunta-me qualquer coisa 
uma tolice 
um mistério indecifrável 
simplesmente 
para que eu saiba 
que queres ainda saber 
para que mesmo sem te responder 
saibas o que te quero dizer "

Mia Couto, in 'Raiz de Orvalho'
Foto: Reprodução de um quadro de Tim Parker

27 de fevereiro de 2018

BOM DIA, MEU AMOR


"BOM DIA, MEU AMOR
*
Acordo-me. Acordo-te. Sorrio.
E sobre a tua pele que a minha adora,
navega o meu desejo, esse navio
que sempre parte e nunca vai embora.

E como um animal uivando o cio
de um milénio, um mês ou uma hora,
não sei se morro ou vivo, ou choro ou rio,
só sei que a eternidade é o agora.

E calam-se as palavras, uma a uma,
feitas de sal, saliva, dor e espuma,
com a exacta dosagem da alegria.

Bom dia, meu amor! O teu sorriso
é tudo o que me falta, o que eu preciso
para acender a luz de cada dia."
*
Joaquim Pessoa
Foto de Borisov Dmitry (2011)

26 de fevereiro de 2018

O que o teu amor me dá...


"O que o teu amor me dá:
a pérola no centro,
a exacta e pequena pérola
por onde a luz se esvai,
num fechar de olhos,
entre nós.

E o riso tão inesperado
nesse campo de cansaço
em que o repouso
cresce, trazendo a razão
aos braços da loucura.

Os teus olhos onde
os meus mergulham, lago
manso da tarde que
empurramos, à janela,
até o dia inteiro
ser madrugada.

E ver-te acordar, como
o brilho que salta de antigas
colinas e se espalha
por frescos lençóis de
onde te roubo, abrindo
a manhã.

Nuno Júdice, in O ESTADO DOS CAMPOS (P. D. Quixote, 2003)
Imagem: Reprodução de quadro de Henri Matisse, Pinterest

25 de fevereiro de 2018

Hoje é Domingo e... a contagem continua!


SONETO

Amor desta tarde que arrefeceu 
as mãos e os olhos que te dei; 
amor exacto, vivo, desenhado 
a fogo, onde eu próprio me queimei; 

amor que me destrói e destruiu 
a fria arquitectura desta tarde 
– só a ti canto, que nem eu já sei 
outra forma de ser e de encontrar-me. 

Só a ti canto que não há razão 
para que o frio que me queima os olhos 
me trespasse e me suba ao coração; 

só a ti canto, que não há desastre 
de onde não possa ainda erguer-me 
para encontrar de novo a tua face. 


© EUGéNIO DE ANDRADE 
In Os Amantes sem Dinheiro, 1950

24 de fevereiro de 2018

Invento-te nas manhãs claras...



"Invento-te nas manhãs claras dormindo ainda em sonhos liquefeitos.

Arredondo os braços
que procuram as noites
inventadas à procura de outro tempo.
O manto da minha aurora
cobre os segredos proibidos de uma casa que não é tua.
O meu peito é agora um planalto
onde as nascentes secaram
matando de sede todas as flores por nascer.
Não nasceram flores, nasceram cactos,
continentes de água,
que guardam as flores esquecidas entre dunas.
E invento-te nos lábios das ondas
que pronunciam o teu nome
no sibilar sussurrante
da espuma .
Inventar-te-ei ainda
quando o nevoeiro te esconder
nos lençóis da noite ou
no regaço da bruma .
Serei os olhos das estrelas,
caindo na tua face
uma a uma."

Manuela Barroso, " Eu Poético III "

Foto: "Forbidden paradise", Mira Nedyalkova

23 de fevereiro de 2018

Promessa

Aproxima-se o 43º. aniversário do meu casamento! Até lá, irei publicar um poema por dia! Dia 1 de Março, espero publicar um inédito meu! Hoje,



"Promessa
És tu a Primavera que eu esperava,

A vida multiplicada e brilhante,
Em que é pleno e perfeito cada instante."

Sophia de Mello Breyner Andresen in "Antologia", Circulo de Poesia Moraes Editores, 1975
Foto: "Spring has sprung" - Joana Do Carmo