"Reverso do tempo
As páginas revolvem-se, impacientes,
quando sentem distante o calor dos dedos,
eternos prisioneiros da pena.
Passam-se tantas coisas nos intervalos dos dias!
Pautam-se incontáveis linhas
no recôndito das manhãs
e, a cada momento, quais campainhas desafinadas,
as palavras ainda não escritas ecoam nos ouvidos,
teimosas, suplicando a sua afirmação.
Percorridos os minutos,
ébrios de todo e cada segundo já sorvidos,
em catadupa,
até ao sobressalto da frase capaz de traduzi-los,
eis se revelam,
em redemoinhos de letras,
gota a gota,
sobre a brancura inocente.
Na confusão das emoções,
pressentidas, mas jamais ressentidas,
as linhas preenchem-se, construindo-se
na sombra das que as precederam,
já saciadas de tempo!
Presente, só aquele instante,
distraído de sua plenitude,
no verso da página gravada de véspera… "
Joaquim do Carmo
Reeditado de "Amanhecer pelo fim da tarde", Abril de 2013
As páginas revolvem-se, impacientes,
quando sentem distante o calor dos dedos,
eternos prisioneiros da pena.
Passam-se tantas coisas nos intervalos dos dias!
Pautam-se incontáveis linhas
no recôndito das manhãs
e, a cada momento, quais campainhas desafinadas,
as palavras ainda não escritas ecoam nos ouvidos,
teimosas, suplicando a sua afirmação.
Percorridos os minutos,
ébrios de todo e cada segundo já sorvidos,
em catadupa,
até ao sobressalto da frase capaz de traduzi-los,
eis se revelam,
em redemoinhos de letras,
gota a gota,
sobre a brancura inocente.
Na confusão das emoções,
pressentidas, mas jamais ressentidas,
as linhas preenchem-se, construindo-se
na sombra das que as precederam,
já saciadas de tempo!
Presente, só aquele instante,
distraído de sua plenitude,
no verso da página gravada de véspera… "
Joaquim do Carmo
Reeditado de "Amanhecer pelo fim da tarde", Abril de 2013